quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

[Crônica] Relatos de sentimentos meus: final do ano



É bem verdade que desde criança minhas melhores ideias surgem pela madrugada, e assim também a compreensão de diversos fatos sejam aprendidos ou vividos (como a tão dita resiliência). Nestes últimos dias com acontecimentos tristes por aqui e por lá, tenho refletido muito na humanidade, assim como na indiferença presente (seja nas mínimas ações relacionais) e no orgulho que ofusca a humildade que é base de todas as virtudes. Com isso vem muito à tona em meus pensamentos o que senti na primeira vez que estive no Haiti, no choque cultural reverso logo que voltei e de minhas tristes e frustrantes conclusões enquanto refletia na opressão que o ser humano cria sobre outro ser humano e na miséria integral que isso gera. Assim como em contra partida pude refletir na busca de alegria e sentido de um povo que luta para viver com a propriedade existencial. Apesar dos pesares isso me ajudou muito a ressignificar minha humanidade com o primeiro e grande divisor de águas que vivi. Relacionado a esses pontos não são de agora, nesta caminhada da esperança, meus interesses nos estudos sobre Direitos Humanos, Missão Integral, Desenvolvimento Comunitário, Refúgio, Imigração e meios de diálogo e ação para que enfim possamos como sociedade civil e de fato darmos voz aos sem voz e vez aos sem vez. Acredito que é bem verdade também que aquilo que é intrínseco ao coração não se contenta só com a teoria; na verdade não tem como ficar só na teoria! Aquilo que move o coração e ressignifa minha humanidade da teoria caminha em "rede" com a prática, se tornando a práxis como o querido Paulo Freire nos ensinou. Nesta vida, no aqui e agora, a práxis dá sentido a muita coisa. É lágrima com lágrima, riso com riso, vida na vida, mãos e pés sentindo a terra e o suor. Recentemente tudo isso aguçou mais ainda em mim. Celebrei uma ceia de Natal (tempo de ressignificarmos temas efetivamente importantes em nossas vidas), com amigos (as) queridos (as) em situação de refúgio ou imigrantes. Não teve (assim como não deixa de ter), como a emoção tomar os olhos e eu me deparar com uma das mais lindas reflexões (e na práxis, rs), de que não existe cor, não existem etnias, não existem fronteiras, e talvez nem culturas diferentes se em amor e fraternidade percebermos que no aqui e agora somos todos refugiados, somos todos seres humanos! Que 2017 nos dê oportunidades de andarmos juntos de mãos dadas entendendo integralmente que somos todos iguais! Que a alegria de celebrar a vida aprendida nesta causa global sejam presentes nas mentes e corações! Que venha 2017! Que venha mais igualdade e fraternidade. Que venha mais sinalizações de um genuíno sopro que nos dá fôlego a continuar.



Filipe Costa de Almeida tem 26 anos, é Bacharel em Teologia e estudante de Psicologia (5º ano). É natural de Sorocaba e desde 2010, realiza viagens internacionais humanitárias e sócio esportivas, já passando pelo Haiti, República Dominicana, Paraguai, Chile, Bolívia, Colômbia, México, Portugal, Espanha e Inglaterra. Atualmente é voluntário no ADDE Criança, um projeto sócio educativo e está envolvido com a causa dos refugiados pela ONG Preparando o Caminho que serve diretamente refugiados e imigrantes na cidade de São Paulo.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

[Conto] O último conto de 2016: O vácuo da noite nua

Elas andavam frenéticas. Subiam pelas ondulações do corpo inerte e indefeso. Queriam encontrar morada na deslizante pele alva. Subiam e desciam os imensos obstáculos. Terra inabitada e sem pulsações e fria. Frio era o seio tácito, invadido pelas alpinistas negras.


         Elas tinham calafrios que subiam pelas patas até as antenas. Queriam saber daquele monte estendido e retorcido, jogado e indefeso. 

         Queriam encontrar a escuridão, lugares cavernosos, sombrios e etéreos. Eram muitas, muitas cabeças e patas pegajosas. O corpo nu jogado na mata começou a se movimentar, lentamente, levados por milhares de formigas, elas buscavam forças descomunais para carregar mais de 50 quilos nas costas. Cambaleavam como bêbadas, não paravam. 

         Começaram a explorar o corpo estranho, entravam pelos buracos labaredas da languidez daquela inexistência. Lá se encontrava, como uma raiz exposta, arrancada da terra árida e rachada pelo sol oxidante, sua luz jogada na pele pintada de branco se fazem sombras almiscaradas pela presença de matos amassados e pisoteados, com um sopro de um raio raivoso que o fogo se alastra incansável pelo campo sequioso. 

Era um ambiente planalto, de árvores anãs, o fervilhar das labaredas solares refletiam nas cascas lascadas das árvores e nas folhas lisas e de um verde brando que tartamudeia nas imperfeições do local.

        Como um tratactus lógico-philosophicus, aquela antimatéria evocante da matéria, rodeada de corpos estranhos e velozes, caminhantes milenares percorrendo o planeta entre labirintos espinhosos, consumidos de folhas e raízes profundas de terras lendárias e invisíveis. Tempo e espaço se misturam e fora e dentro desta incompreensibilidade da história destes seres alienígenas. As formigas eram seres faunos atônitos, viviam tocando tambores nas noites frias ao lado das ninfas, somente nas noites opacas e sem estrelas e sem lua. Noites porosas e gementes desciam finas e agudas nas entrâncias dos galhos desérticos, dos matos semimortos e entravam pelas aberturas trincadas do planalto seco, pelas terras arenosas e cobriam com seu tecido as sombras do sol de dores e cócegas nas costas adornadas de lantejoulas e antenas conectadas ao extrauniverso e mirabolantes e caleidoscópicas. 




           A nudez coubertiana daquela mulher de mamilos amparados de insignificâncias, jogada pela impermeabilidade de sua metempsicose desmoitou a calmaria do ambiente, com seus pelos pubianos esvoaçantes ao sabor de Zéfiro, levou à diapasão as formigas. Ah, os rituais destes seres sugavam as raízes das mandrágoras. Todas ficavam em circunferências após se satisfazerem e se deliciarem com a bebida do diabo. A noite fria e alcaloide se transformava em gritos e urros e brilhos intensos dos olhos e antenas das formigas. Descontroladas, começaram a subir e descer o corpo da ninfa morta e branca, acreditavam que era uma ninfa, ao rastrear aquela pele lisa e fina como um bisso ou como uma teia de aranha. Tinha um corpo bordado com delicadas linhas.

Inebriadas e encarnadas pela incompletude do devir, começaram a regurgitar sobre o corpo. Alucinadas, despejavam o líquido bebido das raízes das mandrágoras. Aos poucos a ninfa estava toda envolvida com uma nódoa monocolorida e viscosa, que escorria em todas as partes daquele corpo. Ah, blaue blume! Ah, blaue blume! Tudo se desintegrou! 

          Momentos depois do transe, a terra, a noite e todos os seres visíveis e invisíveis se aquietaram e o silêncio se fez. As luzes e as sombras começaram a aparecer e a noite se desfazer. O corpo nu da mulher alva não estava mais lá. Havia uma enorme raiz imergindo, uma raiz de mandrágora. Queria aprofundar-se, rasgar a carne da terra e respirar pelas veias húmus. 

          As formigas, todas as noites sem sombras, dançavam em redor da mandrágora e sugavam seu suco e gritavam alucinadas para o vácuo da noite.



Mauricio Gomes, natural da cidade de Ipameri, estado de Goiás, há 10 anos mora em São Paulo, é professor de Literatura, coordenador pedagógico e jornalista cultural. Seu primeiro livro (Des) Caso com a poesia: Inquietações foi lançado em 2012. Em Portugal, participou de uma coletânea de poemas, o nome do livro é Poética. O seu trabalho poético também está na Revista de poesia e arte contemporânea Mallarmargens e na Revista portuguesa Triplov de Artes , Religiões e Ciências.  Em 2014 participou do Festival de Poesia Internacional no México e do Festival de poesia da Unesco, também no México. Em junho de 2015, participou do 2ª Encontro de poesia Internacional, novamente no México e em 2016, foi convidado a participar do Festival de Poesia Internacional em Marrocos.


segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Historia familiar de un país

Por Valeria Zurano

Conocí a la poeta peruana Teresa Orbegoso en un ritual poético, en la selva de Perú, camino a la ciudad de Iquitos, que significa “multitud separada por las aguas”. Así de misteriosas son las palabras en Perú, así como sus nombres. En esa ciudad coincidieron nuestros viajes poéticos. Luego de unos años volvimos a encontrarnos en Buenos Aires, en la Maestría de Escritura Creativa de la Untref, y éstos son apenas algunos hechos eminentes de la historia de una amistad poética, que me llevó el pasado 14 de Octubre a presentar Perú, el último libro de poemas de Teresa, en el oeste del Gran Buenos Aires.  Recuerdo perfectamente cada detalle del viaje por el río hasta Iquitos, un  poema llamado Historia de la gran poeta peruana Blanca Varela, me acompañaba como si fuera un rezo, una invocación:



Puedes contarme cualquier cosa
creer no es importante 
lo que importa es que al aire mueva tus labios
o que tus labios muevan el aire
que fabules tu historia tu cuerpo 
a toda hora sin tregua 
como una llama que a nada se parece 
sino a una llama…


Blanca Varela


Cuando se construye un libro, se construye una familia, un país, una historia, un lenguaje.  No hay palabra ajena, ni intemperie que no esté dentro de un engranaje de pertenencia.  En este poemario, Perú no es únicamente el nombre de un pueblo, es la llama que a nada se parece, la misma de la que habla Blanca Varela, y es la llama de la voz poética de Teresa Orbegoso.  El aspecto geográfico influye sobre el sujeto poético, pero ese sujeto también elige el espacio geográfico donde sentar su procedencia, tejer el entramado de identidad, desarrollar su lucha. El espacio de un territorio se vuelve fuente de cultura y al mismo tiempo de resistencia.  


Sobre cuestiones relacionadas con la identidad actual, la escritora y docente, Rosa Nuñez Pacheco de la Universidad Nacional de San Agustín, ubicada en Arequipa, escribe en su trabajo de investigación Polifonía del Silencio: “Una visión culturalista de la realidad pone de relieve el tema de la identidad, pero la identidad resulta ser una categoría de difícil aprehensión, porque oscila en polaridades como lo foráneo y lo vernáculo, o lo cosmopolita y lo autóctono. Esta composición heterogénea de la realidad encuentra su mejor expresión en la literatura.”


¿Qué sería de los lugares sin el coro polifónico de los poetas? Cuando se habla de la historia de un país inevitablemente se habla de una historia familiar, todos somos atravesados por las circunstancias sociales y culturales que, de algún modo, también definen nuestros afectos y relaciones.  En Perú esta construcción se vuelve visible mediante dos voces que van armando un doble entramado: la historia personal de ese sujeto poético va entreverándose con la historia de un país. Del encuentro entre ambos aspectos surge aquello que  reúne la idea central de esta reseña y que le da el título: “historia familiar de un país”. 


¿Qué otra manera más efectiva puede haber de describir y construir la historia de un país sino es a través de la historia personal, de un espacio plagado de percepciones propias que se abre? El entramado de esas voces anda desde un adentro y un afuera, desde la interioridad escribe lo siguiente: “Golpe tras golpe, tu voz toca, desintegra, el fondo del polvo del alma, de la casa del temblor. Entra en mí, destruye en mí, renace en mí. Repite la armonía de los números. Sé lo que no puedo contener y la música es el inca que hace bailar las marionetas del mundo…” Estas voces poéticas construyen una historia familiar y territorial, generando una poesía que se ubica en la intemperie para denunciar la situación de un pueblo y de una familia que ha emergido de la pobreza, que ha hecho de la pobreza su canto con el ancestral motivo de sobreponerse a la interminable realidad de conquista y saqueo.  


Es conmovedora la forma en que esas voces alternan en un discurso poético doloroso y renovador: “Tu trompo, padre, giraba frente a todas las cosas que no pudieron. Nuestra casa ya no era nuestra casa. Otros vivían allí, con las puertas y ventanas abiertas. Las habitaciones iluminadas.”

Perú es un poemario que asume una mirada valiente sobre la realidad de los pueblos latinoamericanos, denuncia a través de una prosa poética descarnada el sentimiento de un pueblo que es obligado a callar la injusticia. “En el Perú, uno debe aprender a callar ante el dolor. Sólo se debe seguir, solo, seguir.” Somos en esa relación múltiple de voces, pero también somos en el silencio de esas voces.


El silencio concretándose en el territorio de una nación que no puede ser definida por los límites impuestos, sino por la voluntad de transgredir cualquier frontera que la delimite. 


Al leer Perú no puedo dejar de imaginar que estos poemas significan el regreso a un país del cual siempre se está partiendo, un país que jamás podrá ser plenamente abandonado; la pertenencia a aquel lugar que nos ve nacer, pero que a su vez debe ser sacrificado para lograr cantarle. La mirada de la poeta crea una perspectiva crítica, desde la cual jamás olvida el dolor que produce el exilio o el autoexilio. Perú vuelve a nombrar para construir otra versión de los hechos, es una crónica de este tiempo, una poética que enlaza el pasado y el presente de un pueblo sumido en su geografía, en su cultura, en el malestar que lo limita.

La lectura de Perú, un libro con llama propia, nos hace sentir las voces de un país que trasciende toda soberanía y límite para dar la bienvenida al país de la poesía.  Una llama que no se apaga, que en el poema final anuncia la circularidad de la historia, del viaje, del fuego.  Perú nos enseña que nada tiene mayor presencia que aquello que se vuelve intangible, aquello que puede habitar y deshabitar todos los espacios. Teresa Orbegoso escribe con una mano de niebla sobre la llama de aquellos lugares que alguna vez pudieron tenernos.

Buenos Aires, 20 de Octubre de 2016.




Datos Bibliográficos:
Título: Perú
Autora: Teresa Orbegoso
Editorial: buenosaires poetry
Colección: Pippa Passes
Fecha: Agosto de 2016.
Lugar: Buenos Aires. Argentina.
Páginas: 77


Valeria Zurano nació en Buenos Aires, Argentina, el 1 de julio de 1975.   Estudió Derecho y Licenciatura en Comunicación Social.  Ha editado su primer libro en forma independiente bajo el título Barco en Llamas (poesías y cuentos), con un sello de autor (Escritores Independientes Unidos.), año 2003. Las Damas Juegan Ajedrez  (Poesía) Editorial Alción en Diciembre de 2007, El Gran Capitán-Crónica de un viaje al Litoral (Poesía) fue editado en Chile por Ediciones Cortina de Humo, en Enero de 2008. Algunas de sus obras fueron publicadas en distintos medios como en el Diario Clarín suplemento zonal, año 1995.  Publicación en Diario La Nación, Suplemento cultural,  año 1995.  Publicación en Diario La Jornada,  México,  año 2005. Publicación en Revista Papalotzi,  México, año 2006. Publicación en Revista Literatos Nº IV, año 2006, Buenos Aires, Revista Cortina de Humo, Chile 2007.   Diario Clarín de Chile año 2007 y 2008, Revista Causa Cero, Revista Panorama Cultural de Suecia año 2007. Sus trabajos han sido incluidos en numerosas Antologías, y algunos de sus poemas han sido traducidos al idioma Inglés, Portugués y Catalán. Participó en los siguientes Encuentros Literarios; IX Encuentro Internacional de Poetas realizado los días 17 y 18 de Junio de 2005, en la Ciudad de Zamora, Michoacán, México.   I y III Encuentro Comunitario de Escritores de la Provincia de San Juan, organizado por la Secretaría de Cultura de la Provincia de San Juan.  Encuentro Maratónica de poesía en Buenos Aires, año 2006, Encuentro Internacional de Escritores, Chile Tiene la Palabra, 2007. Ha Obtenido los siguientes premios literarios: Primer Premio de Poesía Concurso Literario “Leopoldo Marechal”, Secretaría de Cultura de la Municipalidad de Morón. Segundo Premio Concurso Nacional de Poesía “Alejandra Pizarnik” de Asociación de Escritores Argentinos ADEA, 1994. Primer Premio de Poesía Concurso Dr. Alberto Luis Ponzo de la Universidad de Morón. Tercer Premio Concurso Provincial de Poesía Dr. Guillermo Ara, 1995. Mención en el III Concurso Nacional de Poesía “Cesar Vallejo” de la Asociación de Escritores Argentinos ADEA, 1995. Primer Premio en Narrativa y Poesía en Concurso Literario “Discépolo” organizado por la Secretaría de Cultura de la Municipalidad de La Matanza, 1995. Actualmente lleva a cabo la Edición de una Revista Bimestral de distribución gratuita sobre Arte-Cultura y Diseño llamada Los Otros, la misma es distribuida en la Provincia de Buenos Aires.
  

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Um Pantanal dentro do peito

Livro da poeta Giselle Vianna, inspirado na cultura mato-grossense, será lançado em São Paulo pela Editora Patuá


poente

os distraídos pasmam
e os papagaios gritam
quando o fim se aproxima

o amarelo vai se avermelhando
no céu, no caju,
no meu coração pendurado
querendo cair de maduro

Campinas, nov 2014


A Editora Patuá lança, nesta quinta-feira (08), o livro "Pau-rodado" da poeta Giselle Vianna. A noite de autógrafos será no Patuscada Livraria Bar e Café, na Vila Madalena, a partir das 19 horas e contará com um sarau de poesia e música.

O livro é a conclusão de um projeto iniciado há nove anos pela autora, quando se mudou de  Campinas para Cuiabá e passou a incorporar aos seus textos o encantamento e a cultura regional da terra de Manoel de Barros.

"Pau-rodado" é uma expressão usada no Mato Grosso para caracterizar pessoas que migram constantemente, como as toras de madeira que rodavam rio abaixo no tempo das navegações fluviais.

Ao longo do livro, que se desenrola em seis capítulos, o leitor encontrará um universo de personagens de um centro pouco conhecido do Brasil. Pássaros como a biguatinga, o tuiuiú, a garça, o anu preto, o gavião-belo, o jacurutu, a arara e o martim-pescador estão presentes nos poemas ao lado da onça, do jacaré, do sinimbu, da cultura do siriri, da manga, do pequi, da bocaiúva e da farinha de mandioca, da paisagem dos rios, do cerrado, da floresta amazônica, onde há queimadas e desmatamentos mas também uma vida vigorosa que insiste sempre em nascer. "A vida é como picada que nasce em qualquer lugar", diz a música do compositor mato-grossense Guapo, que introduz a poesia de Giselle Vianna.

A transformação do tempo, da vida e dos sentimentos, expressa nos próprios ciclos da natureza, é o tema principal dos poemas, que unem o imaginário local e as questões universais através de uma linguagem que mistura tradição e experimentação estética.

Nas palavras de Vanderley Mendonça, que assina a orelha do livro, "Pau-rodado é a poesia com a força do corpo, a grandeza das florestas, distinta da selvageria da vida urbana. É preciso ser forte para dar corpo ao que se escreve, ir buscar a escrita onde gritam as palavras por sentidos novos. Há algo de cada um de nós nas lembranças, na dor, na melancolia dos lugares, nos seres das matas. Há algo no olhar de Giselle que nos humaniza".



Giselle Vianna também é autora do livro de poesia Interpeles (2008) e organizou recentemente o livro Tempo de Jabuticabas (2016), com textos da escritora mineira Maria José Carvalho Vianna, sua avó.  Vive em São Paulo desde 2015 e é um exemplo de pau-rodado que seguiu viagem mas trouxe consigo a memória de outro lugar. É o que diz o trecho de um dos poemas do livro, intitulado "Pantanal", que marca sua despedida de Cuiabá: "é preciso um sol mais quente que o nosso desejo/ que nos desperte antes/ que o sonho acabe/ é preciso seguir viagem/ com um Pantanal dentro do peito".


SERVIÇO
Lançamento do livro de poesia Pau-rodado, de Giselle Vianna
Patuscada Livraria Bar e Café
Rua Luis Murat, 40 - Vila Madalena, São Paulo
08/dezembro
19:00 - 23:50

Entrada gratuita

sábado, 3 de dezembro de 2016

“Cores do invisível”, a exposição do artista Sergio Ricciuto Conte


A exposição “Cores do invisível” é uma seleção de obras do artista Sergio Ricciuto Conte. “Um viajante que carrega como mala a própria casa” ou “um índio nu sobre o caule de uma rosa”, são alguns exemplos da sua linha poética presente nas telas. Transgredindo o real e atravessando o imaginário, Ricciuto consegue conjugar surrealismo e beleza, como alguém que está com os pés bem apoiados nas nuvens.

Cada obra deixa-se observar com a mesma sensação de surpresa, como se estivesse saindo da cartola de um visionário ou da voz de um contador de fábulas. Em seu conjunto, elas têm o poder de maravilhar e consolar de maneira provocativa e instigante, numa tentativa de reduzir o sufoco dessa época em que vivemos, submersos por toneladas de fria realidade.

Nascido em Foggia, na Itália, Ricciuto mora no Brasil há oito anos e começou a pintar aos seis anos de idade. Formou-se em arte no Instituto de Arte Perugini, na Itália; além das graduações em filosofia e teologia. Desenvolve projetos de arte para mosaicos e ilustrações para jornais e revistas, além de painéis para espaços públicos e litúrgicos.

O local da exposição “Cores do invisível” é a Casa de Cultura da Vila Guilherme, um casarão histórico alocado num bairro tranquilo e residencial da zona norte da capital. Reaberta esse ano, a Casa mantém uma intensa programação de cursos, teatros, exposições e oficinas dos mais diferentes gêneros.

Na vernissage aberta ao público, que será no sábado, 3, às 16h, o artista começará a pintar uma obra ao vivo e, ao longo da exposição, o público poderá acompanhar todo o processo criativo e artístico. Além disso, os visitantes poderão concorrer a uma obra se participarem de uma promoção pelas redes sociais.

Contatos:
sergioricciutoconte@gmail.com
(11) 99952-7431




Serviço:
Abertura: dia 03/12, sábado, às 16h.

Visitação: De 6 a 17/12 e 03 a 28/01/2017, terça a sexta, das 10h às 20h e sábados, das 10h às 18h.


Livre para todos os públicos. Não é necessário retirar ingresso.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Terça tem teatro: Máquina de dar certo



SINOPSE
Pessoas trancadas em um cômodo são submetidas a uma série de estímulos sonoros e visuais para a espetacularização do condicionamento humano. Como nos experimentos de Frederic Skinner, elas são constantemente testadas: têm que executar as tarefas e coreografias determinadas por um comando cuja identidade é desconhecida.

SOBRE MÁQUINA DE DAR CERTO
Máquina de Dar Certo é o resultado artístico do processo que a Cia. Bruta de Arte iniciou em novembro de 2010 a partir do estudo sobre o Behaviorismo ou Comportamentalismo, corrente de ideias que mudou o foco da psicologia em meados do século XX. Como nos experimentos da caixa de Skinner - inspiração central do espetáculo -, os 10 atores, em cena a todo momento, são constantemente testados: têm que executar as tarefas e coreografias determinadas pelo comando.
O grupo levantou questões sobre as diferentes formas de interatividade, as regras comportamentais, o observado e o observador e o enclausuramento - abordagens recorrentes em seus últimos trabalhos: Cine Belvedere e El Truco - surgindo, então, o tema do Behaviorismo. O condicionamento para executar coreografias, a adequação às regras comportamentais e a possibilidade de pertencimento também surgiram como temas definitivos.
Aos poucos a estrutura de uma experiência ganhou recheio, aproximando-se dos experimentos de Frederic Skinner sobre o comportamento. Psicólogo precursor do chamado “behaviorismo radical”, Skinner criou a “máquina de ensinar”, espécie de aparelho de perguntas e respostas que, segundo ele, facilitaria a aprendizagem de alunos em escolas. Também popularizou as experiências com objetivo de “moldar” comportamentos em animais e até crianças. Utilizava reforços positivos e negativos como sons e luzes para alcançar essa finalidade.
Para o processo de criação, a “máquina de ensinar” se transformou na “máquina de dar certo”.O grupo utilizou-se de repetições exaustivas e testes de assimilação com estímulos sonoros e visuais. Os personagens surgiram na exploração do idiota que existe em cada um, dando espaço a um experimento em que pessoas tentam inserir-se em qualquer lugar. Essa exploração interior e a idéia de reconhecimento serviram como ponto de partida para a pesquisa. A
prisionados e constantemente vigiados, eles se submetem ao experimento, mas não sabem sequer quem é o comandante. A voz que os comanda vem de um lugar que nenhum deles alcança, é inatingível. O condicionamento, a adequação às regras e a possibilidade de pertencimento são temas centrais do espetáculo. Máquina de Dar Certo é um fragmento na vida desses personagens que se submetem a um invento espetacular com o intuito de se adequar, de serem reconhecidos e aceitos, de darem certo de alguma maneira.
Na elaboração do trabalho, o grupo buscou, além das referências científicas de Frederick Skinner, outros estímulos artísticos na música, dança, artes plásticas, teatro e cinema: as pinturas do artista plástico Jean Rustin, o espetáculo “Kontakhof”, de Pina Baush, alguns trabalhos do coreógrafo Jêrome Bell, “A Classe Morta”, de Tadeus Kantor, e o filme “Os Idiotas”, de Lars Von Trier.
Máquina de Dar Certo estreou em 31 de março de 2012 no Espaço Parlapatões, em São Paulo, onde cumpriu temporada até 16 de junho de 2012.

FICHA TÉCNICA

Direção: Roberto Audio
Atores: Ana Lúcia Felippe, Angela Ribeiro, Marba Goicochea, Paulo Maeda, Ricardo Socalschi, Teka Romualdo, Thammy Alonso, Tico Dias, Wanderley Salgado e Washington Calegari
Assistente de Direção: Paulo Maeda
Iluminação: Paulo Maeda e Mário Spatziani
Trilha Sonora: Cia. Bruta de Arte, Thammy Alonso e Diego Rodda
Música Original: Helder da Rocha
Figurinos: Angela Ribeiro e Melissa Campagnolli
Projeto Gráfico: Angela Ribeiro
Produção: Cia. Bruta de Arte

Apresentação única no dia 25/10, às 20h.
Itaú Cultural, Sala Itaú Cultural (piso térreo) 
Avenida Paulista, 149 - São Paulo/SP.


Entrada gratuita

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Poesia na Idade Mídia - POEMARIA

Portal e aplicativo independentes e gratuitos voltados à poesia foram idealizados por Davi Kinksi

Poemaria nasceu para disseminar poesia. Inicialmente surgiu como uma proposta de filme longa-metragem para compartilhar com o espectador o rico e genuíno processo criativo de pessoas que tem a retórica como ferramenta de trabalho; atores, escritores e poetas e jornalistas. Aos poucos o filme foi se desdobrando em série documental, dividida em 12 episódios, com 36 entrevistados. Ambos em produção.

O Poemaria será lançado no dia 13 de setembro, no Reserva Cultural, como um portal transmídia (www.poemaria.com.br) para agregar o conteúdo do aplicativo DECLAMAÍ, o primeiro divulgador de poesia e declamações desenvolvido para smartphones, no qual qualquer pessoa poderá ler/declamar uma poesia de sua preferência, que também será apresentado ao público no sarau poético, e de um blog com textos sobre poética e os vídeos e textos de jornalistas que acompanharam as gravações das 22 entrevistas realizadas até agora.

Personalidades como Leona Cavalli, o deputado Jean Wyllys e o escritor Marcelino Freire, a apresentadora e atriz Marília Gabriela, a poeta Adelia Prado declamam poesias de Florbela Spanca, Álvaro de Campos, Manuel Bandeira, Vinicius de Moraes, e falam da influência desse gênero literário em suas vidas.

Idealizado pelo diretor, ator e poeta, Davi Kinski e realizado com o auxílio de uma equipe de mais de 20 profissionais, o Poemaria tem o intuito de democratizar o acesso à poesia e à literatura, engajando o público a abrir as páginas dos seus livros prediletos e dividir essa experiência com outras pessoas pelo mundo através do seu telefone, num aplicativo totalmente gratuito.

"Homens e mulheres públicos, que servem algum segmento do seu povo, deveriam agir mais como poetas. Acho lamentável que a cultura não seja utilizada como um meio de mobilidade e de inclusão social", opina o Wyllys em sua participação no blog. Leona Cavalli indica: "poesia é o caminho mais pacífico e mais feliz de se viver". Enquanto o escritor Marcelino Freire acredita que a poesia é a linguagem no seu estado mais bruto e mais primitivo e se surpreende com o fazer poético: "Tantas coisas belíssimas que os poetas fizeram. A palavra no seu lugar exato. O poeta é aquele cara que olha as coisas pelo avesso".

Em Poemaria a palavra é protagonista. É dela que surge o homem real, nos palcos e nas ruas, e suas vontades e desejos. Para Davi Kinski, a realização de um projeto sobre o poder e preciosidade da palavra inventiva faz parte de uma investigação que se refere à relação entre literatura, audiovisual e interpretação. “O movimento poético ocorre, pois é preciso poemas”, resume.

Poemaria é, sobretudo, um processo construído por quem acredita que a poesia faz e deve fazer cada vez mais parte do cotidiano das pessoas.



   
DECLAMAÍ é o primeiro aplicativo (App) para smartphones – inteiramente gratuito – no qual o internauta poderá participar ativamente do projeto que envolve a realização de um longa-metragem, uma série documental, um livro e um blog.

Os vídeos feitos através do aplicativo serão compartilhados nas redes sociais e divulgados no site www.poemaria.com.br, onde abriga boa parte do projeto.

O DECLAMAÍ vai permitir que as pessoas não só escolham um poema para recitar, como também poderão gravar sua imagem, que será dividida com outros internautas mundo afora, ou apenas com quem desejar, através desse projeto que torna a palavra protagonista de nossas vidas, o que nos humaniza, e permite que qualquer pessoa dê seu recado. Melhor dizendo, declame sua poesia. “Queremos inundar a grande rede com poesia, promovendo o primeiro ‘Sarau Virtual’ em terra Brasilis. Dessa forma, queremos viralizar na internet a importância e pertinência da poesia”, vislumbra Kinski.

Para os entendidos do assunto, poesia é a fina flor da literatura. Mas também é uma ação que atesta a existência humana. Certa vez, a poetisa portuguesa Maria Tereza Horta disse que uma sociedade na qual se produz poesia é uma sociedade capaz de ser salva. De maneira que, para os realizadores do projeto, a poesia não é algo que está enclausurado nos cânones ou nos púlpitos acadêmicos, a poesia é uma possibilidade de comunicação e interação entre as pessoas. Famosos e anônimos. Comunicadores das multidões e pessoas que circulam pelas ruas e que nunca se verão pessoalmente. Porque a poesia é capaz de salvar a todos do marasmo e do anonimato dos dias comuns.



O idealizador e realizador do projeto
Davi Kinski escreve poesia desde os 15 anos. Nascido em São Paulo, já conta com uma vasta produção artística nos seus 28 anos recém-completos. Ele nasceu em 14 de agosto de 1988. Logo ali. Tão menino e tão vasto em trajetória no teatro e cinema. Formou-se como ator pela Actor School Brazil e em cinema pela Academia Internacional de Cinema. Já dirigiu sete curta-metragens, dentre eles Cineminha, de quem também é responsável pelo roteiro, protagonizado pelas atrizes Etty Fraser e Caty Stwart. É autor do livro de poesia, Corpo Partido (Editora Patuá -2014), que já foi traduzido para o francês. Recebeu indicação para Melhor Ator, no Festival de Gramado em 2008, em sua atuação no filme Nome Próprio, de Murilo Salles e no teatro, encenou Aurora da Minha Vida, Lisístrata, Bailei Na Curva e O Grande Jardim das Delícias de Fernando Arrabal. Em 2011 estreou em seu primeiro monólogo “Lixo e Purpurina”, baseado em textos de Caio Fernando Abreu, cumprindo temporada de sucesso de público no SESC Pompéia. 

Poemaria e Declamaí serão lançados em Sarau Poético,
dia 13 de setembro, terça-feira, às 20h, no Reserva Cultural, com a participação de atrizes, atores, escritores e poetas


quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Ecos Latinos faz parceria com espetáculo teatral para agosto em SP

O Projeto Ecos Latinos, uma das iniciativas ligadas a imigrantes vem procurando levar a literatura latino-americana e cultura à cidade. E essa estratégia também inclui parcerias com outros meios culturais, como o teatro.

A mais nova ação é em conjunto com a Marba Goicochea, atriz peruana, responsável pela peça de teatro “O Mal Dito”, inspirado em "Os Cantos de Maldoror" de Isidore Ducasse.



Sinopse:

O Mal Dito é uma rebelião extrema contra a sociedade e o mundo, é uma visão do avesso, do abissal do perverso! Os cantos entoados são regidos pela lógica da metamorfose, repleto de paradoxos, representa a consagração do pensamento analógico, oposto a razão dualista, obedecendo à lógica do delírio, aliando-se a imaginação desenfreada e transbordante.

O Mal Dito está em cartaz no Teatro da Rotina nos dias 15, 16, 22, 23 de agosto, as segundas e terças. O teatro fica na Rua Augusta 912, São Paulo.
O valor da entrada para o espetáculo é de R$ 30, mas quem curtir a nossa página no Facebook e disser na bilheteria que aceitou o convite do Ecos Latinos para prestigiar a peça paga apenas R$ 10 de ingresso, para as primeiras quinze pessoas.

Essa já é a terceira vez que o Ecos Latinos promove uma parceria com uma companhia de teatro. A duas anteriores foram em 2015.

Espetáculo “O Mal Dito”

Interpretação e direção: Fransérgio Araújo

Data e horário: segundas-feiras e terças-feiras, 15, 16, 22, 23 de agosto, a partir do dia 02/07, às 21h.

Local: Teatro da Rotina - Rua Augusta 912, São Paulo (SP).

Entrada: R$ 10 com a promoção Ecos Latinos (inteira custa R$ 30)


Informações: (11) 3582-4479

quinta-feira, 21 de julho de 2016

A dónde volver, la poesía peruana de Andrea Cabel

Andrea Cabel
A dónde volver
México, Paroxismo, 2016
84 págs.




Andrea Cabel (Lima, 1982) se dio a conocer en la poesía hace más de una década (Las falsas actitudes del agua, 2006), pero su voz había permanecido en silencio largos años hasta llegar a la madurez poética que supone A dónde volver (2016), una suerte de poemas reunidos que son una unidad de obra compuesta por lo que hubo antes, lo que ha habido mientras y lo que se apunta hasta lo próximo.

Del mismo modo que en este lado del Atlántico existen nuevos nombres (Luna Miguel, Laura Rosal, Carmen Crespo, Alicia Reina…) que empiezan a convivir estéticamente y con normalidad con voces de largo alcance y público fiel (Ana Merino, Yolanda Castaño, Vanesa Pérez-Sahuquillo, Ana Gorría, Estelle Talavera…) en una mezcla de voces que la periodista Marta Semitiel ha sabido estudiar con precisión y capacidad crítica, más allá del Océano que separa el mundo hispánico hace precisamente más de una década que el fenómeno se daba en idéntica proporción. De tal suerte que hace ahora diez años leí por vez primera a Andrea Cabel, a la que conocí en Madrid y en interminables llamadas telefónicas (Madrid-Lima) que, de haber sido grabadas, habrían dado para un libro de lo que fue de nosotros y de las letras cuando éramos jóvenes.




Andrea es el verbalismo directo, la ruptura del poemario convencional para experimentar la forma, el fondo y la edición (¿Cómo César Vallejo?); es el decir de una forma que no se decía en el Perú desde el ‘realismo mágico’ o ‘boom’; Andrea es el caligrama, el paratexto, la fuerza narrativa llevada a la poesía; Andrea es la pasión de sus temas personales expuestos en carne viva al público-lector: el amor, el desamor, la desazón, la desolación, la pasión…; Andrea es el verso en prosa y la prosa en verso: es lo que dice y cómo lo dice.

Me acerco ahora a este nuevo poemario que me sorprendió hace quince días y asisto a la máxima expresión de la autora, a la madurez de un proceso creador que nunca había parado. Bien es cierto que me paro detenidamente en el apartado que da título al conjunto, A dónde volver, con poemas como “Volver”, “once”, “habitación 309”, “patafísica”… y siento que he vuelto sobre los orígenes de la poeta, de las aquellas conversaciones sobre letras hechas poesía.

El poema que lleva por título ‘Howard in Waterworks’ resume la esencia poética de Andrea Cabel; no sólo la poeta que fue hace diez años, sino las inercias continuadas en su estilo, con la profundidad de la observación y de la palabra escogida con tiento y precisión. En este inédito (págs. 76-77), lo cotidiano se convierte en materia poética: el estilo directo (“vendí por ejemplo, nuestras conexiones a distancia”), el verbalismo directo presiden la composición (“entre la lluvia y la muerte he vendido nuestras cosas”). El poema, cuya impronta es una inteligente y elegante ruptura del poema y poemario tradicionales, mantiene una vanguardista ruptura con la puntuación tradicional, a la que quizás contribuye el encabalgamiento abrupto que supone todo el conjunto. Ese subjetivismo cotidiano (en el decir, en el nombrar y, sobre todo, en el cómo decir) acercan la palabra, la introspección de la poeta al lector: probablemente un hecho cotidiano (¿una ruptura?) se convierte aquí en una fórmula para nombrar, para componer este inédito que señala que “comienzo a morder la distancia de esta palabra suspendida”. Es cierto que me detengo en este poema, pero todo el libro, una gran agrupación de poemas vitales, vitalistas y ejemplificadores de la poesía de Cabel, viene a responder, además, a una poesía urbana, inteligente y cuidada.


A veces resulta complejo elegir qué voces o qué narradores de Hispanoamérica escoger, entre esa enorme proporción de escritores y poetas que, junto con nosotros, conforman la Literatura de 550 millones de hablantes. Hoy no puedo dejar de pararme y recomendar a Andrea Cabel y su A dónde volver. Simplemente, volver al poema.

Autor: Francisco José Peña Rodríguez (Universidad Autónoma de Madrid)