segunda-feira, 19 de junho de 2017

[Poema] Identidad, por Arnaldo Domínguez


IDENTIDAD


Cosechando mi suenho
Mientras el viento pampa
Arranca, de la tierra, un cardo ruso
Confuso demandante,
Galopeador surenho,
Yo remiendo esa estampa.


Tu nombre y mi apellido,
Cual herencia del monte,
Criollo y gauchesco orgullo,
Que en cada pedregullo,
De polvo colorido,
Asombra mi horizonte.


Si hoy evoco en lamento
Es porque nubla el tiempo
Mis cuadros de la historia.


Distante en la memoria
ese resto de espejo

también arrastra el viento.




Arnaldo Domínguez de OLiveiraArgentino, natural de La Pampa, médico pela Universidad Nacional de Córdoba, graduação em 1980. Psicoanalista em São Paulo.


sexta-feira, 16 de junho de 2017

[Poema] Criolla Soledad, por Arnaldo Domínguez

Criolla Soledad



Trajinado de cielo y de llanura / cuelgo en el alambrado, entre los pájaros / unas palabras que se han humedecido / en mi bolsillo.


El sudor del caballo me traspasa / me transciende el silencio, empedernido / de una nada que brota en mis adentros.


Arde el sol de un enero campesino.


He perdido La Pampa...


- ¿Que has perdido?


Me pregunta, melancólica, la tarde. / Le responde el olvido, y no le entiendo. / No recuerdo el sonido, de su copla. / Me confunde y deslumbra, su milonga.


Me siento por el alero protegido. ¡Busco sombra!


Ni siquiera ya sé si soy yo mismo.


El catre está vacío, el mate, frío.


Se nubla, de repente, una esperanza. / Pero, insisto:
Y ese perro, a mi lado, está conmigo.


Y él parece saber de qué se trata.
Digo, por la cola y el hocico.



(Itaquaciara, 11 de junio de 2011).


Argentino, natural de La Pampa, médico pela Universidad Nacional de Córdoba, graduação em 1980. Psicoanalista em São Paulo.



segunda-feira, 12 de junho de 2017

[Conto] Perdida na floresta, por Jussara Carvalho

Um belo dia, Tomasia cansou das cobranças sobre a razão que não tomava o atalho que a mãe havia lhe ensinado para ir à escola. Não conhecia o terreno dos vizinhos e nunca tivera senso de direção, contudo confiou nas coordenadas que sua mãe havia lhe dado e entrou na mata.

Seguiu as trilhas do gado como Doroteia havia lhe dito até desaparecer o caminho e perceber que havia algo errado, porém acreditou que sua mãe não mentiria para ela.

_ Avante Tomásia! Se mãe disse que a trilha iria surgir novamente então é só andar mais um pouco para frente. Uma boa garota não questiona a sinceridade de sua mãe.

O mato ficava cada vez mais intenso. Carrapichos e outros espinhos grudaram em sua roupa, pedras e gravetos furaram seu tênis, entretanto continuou andando acreditando encontrar tal caminho. Suas pernas e braços estavam marcados com galhos que lhe perfuraram e diante dela não passaria nem lagartixa por ser muito apertado.

_ Tenho que voltar! _ Exclamou cansada _ Não há como ultrapassar a barreira de espinhos. Nem sequer sei onde estou e o mato está muito fechado atrás.

Protegeu os olhos com os braços e se jogou no espinhal antes que tivesse uma crise de choro e ficasse presa na parede viva.

Acreditou que teria sorte de chegar ao rio e descobrir onde estava, mergulharia nas suas águas transparentes, pentearia os cabelos com as pontas dos dedos e se livraria dos espinhos antes de chegar ao grupo escolar. Entretanto ficou mais perdida ainda.

_ Como é que vou conseguir ver do alto se as árvores dessa mata são arbustos, muito finas ou cheias de espinhos afiados?

Passou a manhã inteira tentando encontrar pés de mangas, bananas, ou qualquer outra fruta que pudesse matar sua fome ou andar até um terreno que conhecia. Mas localizou no meio do mato uma casa velha com algumas paredes em pé e poucas telhas no telhado. Havia décadas que ninguém passava naquele local. Viu um limoeiro carregado, achou que fosse uma laranjeira, aproximou e chupou quatro limões para matar a sede.

_ Se a terra me oferece limões eu chupo, mesmo sendo tão azedos.

De repente a garota ouve um barulho. O vento derrubou um pedaço de parede ao seu lado deixando Tomasia em pânico lembrando que algumas famílias enterram seus mortos no quintal de casa. Tinha pavor de assombração. Temendo que algum fantasma estivesse protegendo aquelas terras de intrusos, correu desesperadamente deixando metade das roupas e cabelos na vegetação, levara mandacarus e outros cactos nos pés enquanto quebrava galos com o peito para abrir caminho.



_ Outra é que vai ficar aqui para confirmar se fantasma só aparece à noite!

Chegando a um vale parou de correr, precisava recuperar o fôlego e achar o caminho volta pra casa. A sede era maior que a fome, o corpo estava encharcado de suor. Embora soubesse que havia perdido as aulas daquele dia não tinha noção de quanto tempo estava perdida. Tentou arrumar os cabelos que estavam desalinhados sobre as suas faces arranhadas, foi quando percebeu que o rabo de cavalo havia ficado para trás. Tinha perdido também alguns livros didáticos e o caderno de anotações que levava nos braços.

_ Para completar vou terminar o ano letivo sem material escolar. Eu mereço isso por ser tão burra e entrar nesse mato esperando encontrar rasto de gado inexistente para me mostrar o caminho da escola.

Precisava se acalmar e pensar numa saída. Sentou-se sobre um monte de terra fofa, abriu o único livro que lhe restara e leu duas páginas. Era uma fantasia do livro de português, estava escrito a história de uma criança da idade dela que pulou no rio e descobriu uma fressura e quando passou por ela encontrou outro mundo subterrâneo.

A história era boa, porém Tomásia levantou num pulo ao sentir picadas na bunda. Considerou a hipótese de ter sido atacada por escorpiões, já tinha sido picada por este bicho uma vez e quase morrera, por isso chorou de medo. Respirou aliviada quando constatou que eram apenas ferroadas de formigas, se livrou delas ao mesmo tempo em que saia daquele local.

_ Ninguém pode saber que fui tola o bastante para sentar em um formigueiro.

Comeu araçás, depois andou sob raízes de plantas que não sabia o nome e debaixo de folhas que filtravam o sol.

_ A essa altura as aulas do dia já terminaram e eu aqui broqueando o filete de luz que entra no lar das formigas mordedeiras.

Sua pressa de voltar pra casa agora era medo de escurecer e passar a noite sozinha no habitat de cascavel e outras cobras peçonhentas.

Ouviu novamente barulho e se assustou achando que fosse animal selvagem. Expirou o ar que prendeu nos pulmões ao se convencer que fora apenas sua barriga roncando. De tanto andar sobre tocos, pedras e raízes, os tênis que usavam ficaram gastos e deixavam metades dos dedos expostos. Tirou-os para remover as pedrinhas e cascas de árvores que estavam machucando seus pés. Respirou fundo e continuou andando triste e cansada. O calor era sufocante e os ferimentos doíam e pinicavam.

Prendeu novamente os cabelos a uma caneta, ralou o braço no juazeiro, fitou o chão e começou comer juá sem perceber que ferira o braço no espinho da árvore. Porem o sangue começou escorrer e Tomasia interrompeu a refeição para tratar da sangria. Pressionar a ferida não foi o bastante para que as hemácias e leucócitos da garota voltassem normalmente a corrente sanguínea. Reuniu algumas folhas ásperas, mas eram muito pequenas para o curativo, então arrancou um pedaço de papel do livro e depositou sobre o ferimento, arrancou outra página para amarrar no braço. Confusa sobre o que devia fazer.

_ Em outra circunstância eu não maltrataria um livro, mas agora vendo esse braço melado com esse sangue que parece que vai fugir todinho, começo a pensar que vou morrer aqui. Não posso morrer agora, tenho tantos anos pra viver e sonhos pra realizar.

Sacudiu a saia e voltou a andar sem direção, na expectativa de encontrar frutinhas pretas e duras mais adiante e puder comê-las.

_ Levante Tomasia! Se quiser sair daqui viva é preciso andar e andar até em casa e ir ao encontro de frutas comestíveis.

Ouviu o canto de uma araponga e pensando ser um homem batendo em uma ferramenta correu em direção ao som, quando a ave voou para o alto passou a mão na testa pra limpar o suor.

_ Eta Tomasia! Passei tanto tempo no mato que estou confundindo o som de um pássaro com um ferreiro na bigorna.

As horas foram passando até que a criança encontrou maracujá do mato. Devorou os frutos maduros e os verdes como quem come uma barra de chocolate.

O sol estava quase se pondo quando avistou um clarão. A menina foi apressada conferir se era uma estrada de terra ou uma miragem. Ali encontrou troncos de árvores cortadas e cinzas na terra e sorriu.

_ Hora de voltar pra casa Tomasia! Se eu estou numa área desmatada, decerto há uma trilha que leva a uma casa, ou uma estrada, no mínimo agora vou encontrar alguém para me conduzir a fazenda dos meus pais.

Sua intuição estava certa, todavia entrou na estrada à terra a 9 KM de sua casa.

_ Não reclame Tomasia! Pelo menos agora eu sei onde estou.

Por um momento não sentiu cansaço, a alegria de voltar pra casa era tamanha que percorreu os 9 KM correndo para evitar a escuridão na encruzilhada e 1 hora depois pisou suarenta no terreiro da frente da casa onde morava.

Quando Tomasia entrou na cozinha estava zangada e quis saber o motivo que sua mãe insistiu para ela pegar o atalho que acabava no meio da mata, porem Doroteia fingiu não ouvir e quando a menina insistiu, respondeu que a filha era uma desastrada sem juízo e continuou preparando o jantar da família.


Apesar da aventura do dia que deixou seu corpo dolorido, Tomasia estava feliz por está em casa saboreando uma comida quentinha e dormir outra vez numa cama limpa e seca.

Jussara Carvalho é contadora de histórias, locutora voluntária na rádio de Paraisópolis, contista, cronista, poeta, romancista, escritora de livros infantis e juvenis, conhecida como a escritora de Paraisópolis pelos livros Demolidor de Corações, Quando o Coração Fala e O Mundo da Grande Formiga.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

[Crônica] Quimera do amor, por Lilian Oliveira

A paixão faz do nosso coração um escravo... do desejo; do sentimento avassalador; do devaneio da sedução; impalpável; imensurável.

Um grande filósofo (Hegel) escreveu uma dialética sobre o senhor e o escravo, onde um precisa do outro para existir.

Quero olhar nesta direção simbólica, de como a alma sente e necessita deste poderoso e precioso sentimento.

Convenhamos, por mais que assuste compreender e senti-lo, mesmo que seja passageiro, faz aquele reboliço na vida, o coração dá pulinhos de tanto que palpita, a barriga fica borboleteando, as pernas tremem mesmo na base!

Pode até doer, mas também confere muito prazer... Entorpece a alma.

O cheiro da pele... hum... é como um ramalhete de mirra, cheiro que aguça o desejo do amor. Em aprazível olhar, buscamos o encontro, o toque da alma, da essência. Serve até de sustento para o corpo, pois na maioria das vezes, amar tira a fome, espalha o sono, evocando o doce desejo de sermos parte do outro e outro parte em nós. Muitas vezes dá vontade de guardar o outro dentro de nós, bem guardadinho!

É um sentimento que envolve todos os sentidos, eu penso que deve até afinar o sangue de tanto fazê-lo correr ligeiro por dentre as entranhas do corpo. Inverte-se o funcionamento das funções, o coração passa a ser na cabeça e a cabeça perde seu lugar de razão, isso é realmente estar em estado de paixonite aguda!

Esplêndido! Como diz na canção: Amor não se mede...

Certa vez, conversando com um médico, ele me disse: O amor é algo que se aprende! Concordo, aprendemos mesmo a amar, aprendemos também com os desamores, talvez o amor seja uma paixão aprendida!? Ou vice-versa!?

Simplesmente em alguns momentos de nossas vidas somos acertados em cheio pela flecha do cupido e aí não tem jeito, os dias amanhecem coloridos mesmo que em contraste aos dias nublados da vida, como o outono. E, porventura, não é que o mês dos apaixonados e enamorados comemora-se bem no outono?! Contudo, o outono também possui seu reluzente brilho. E os enamorados ainda mais!

Enamore-se! Permita-se! Deixe que seus medos se flamulem ao vento e sejam levados para bem longe, e as decepções do passado, deixe-as, bem no passado, pois é lá que elas devem ficar.

Amar filtra o sangue, muitos dizem que até a pele fica mais bonita, eu acredito! Apaixonar-se é viver, renove-se, renasça... Sinta o aroma e o frescor do amor como a aurora vindoura, como gaivota a voar em loura manhã; que a vida lhe traga com inexplicável ternura um sonhado amor.

Então... “Levantar-me-ei, pois, e rodearei a cidade; pelas ruas e pelas praças buscarei aquele a quem ama a minha alma; busquei-o, e não o achei.” (Cantares 3:3).




Lilian Oliveira, é pedagoga, poeta e graduanda da disciplina de Geografia. Mãe do Luis Vinicius; da Lilian Quézia e da Ana Luíza. É professora de Educação Infantil no CEI Nossa Senhora Rainha da Paz.





  


quinta-feira, 8 de junho de 2017

[Teatro] Projeto Ecos Latinos faz parceria com espetáculo teatral para junho em SP

Projeto Ecos Latinos vem procurando levar a literatura latino-americana e cultura à cidade. E essa estratégia também inclui parcerias com outros meios culturais, como o teatro.

A mais nova ação é em conjunto com a Cia. Bruta de Arte, responsável pela peça “QUANTOS SEGUNDOS DURA UMA NUVEM DE POEIRA”, dirigida por Roberto Audio e que fica em cartaz até o dia 26 de junho na Escola SP de Teatro. O valor da entrada para o espetáculo é de R$ 20, mas quem curtir a página do projeto no Facebook e disser na bilheteria que aceitou o convite do Ecos Latinos para prestigiar a peça paga apenas R$ 10 de ingresso.

Essa já é a quarta vez que o Ecos Latinos promove uma parceria com uma companhia de teatro.

SINOPSE:

Um terremoto abre uma fenda na terra e divide um país inteiro em dois lados. Em vários lados. Por conta disso, um grupo de amigos parte para as Ilhas Galápagos, lugar onde Darwin iniciou seus estudos sobre a teoria da espécies, com o intuito de recriarem e preservarem experiências individuais e coletivas de memória e esquecimento, num espaço de intersecção entre ficção e realidade. Ao se defrontarem com o comportamento dos animais, traçam um paralelo com as suas próprias relações fragilizadas e percebem o quanto estão regredindo por terem deixado algo muito importante ser esquecido: o afeto.


SERVIÇO:
Espetáculo: Quantos Segundos Dura uma Nuvem de Poeira
Direção: Roberto Audio
Data e horario: Sábados, às 21h; domingos, às 20h; segundas, às 21h. Em cartaz até 26 de junho de 2017.
Local: Escola SP de Teatro - Praça Franklin Roosevelt, 210 – Consolação
Duração: 90 minutos
Recomendação: 14 anos
Ingressos: R$ 10 com a promoção Ecos Latinos (inteira custa R$ 20)

Capacidade: 60 lugares




domingo, 4 de junho de 2017

[Crônica] Ecos Latinos no Peru

O projeto Ecos Latinos fez uma aventura por terras peruanas, ecoando a poesia latino-americana de sua antologia Daqui e dali, com o trabalho poético dos trezes poetas de diferentes países que compõem o livro.

Biblioteca Municipal de Cusco



A aventura começou em Cuzco, onde foram estregues exemplares do livro para a Biblioteca Municipal del Cuzco. Também visitamos Machu Picchu e fizemos registros por lá. Foi a caminho da fortaleza inca que conhecemos a escritora mexicana Elizabeth Uribe de Petersen, que ao se encantar com o nosso projeto se ofereceu para apresentar o nosso trabalho em terras guadalupanas, então, o nosso livro Daqui e dali também partiu para o México, nesta aventura toda.


Em Cusco soubemos pelo nosso colaborador, o bibliotecário Alan Concepción Cuenca, que a seguinte parada seria em Lima, com uma apresentação do nosso livro e projeto na Biblioteca Ricardo Palma de Miraflores. O patrono da biblioteca, Ricardo Palma, é um dos principais escritores românticos do Peru, escreveu diversos gêneros: poesia, novela, drama, sátira, crítica, crônicas e ensaios, sendo sua obra maior o livro de relatos curtos Tradiciones Peruanas.


A seguinte parada foi nada menos do que na cidade de Arequipa, onde nasceu o nobel peruano de literatura, Mario Vargas Llosa. Lá visitamos diferentes livrarias e bibliotecas, deixando exemplares dos nossos livros na Biblioteca Mario Vargas Llosa de Arequipa.

Biblioteca Mario Vargas Llosa

Com o diretor da biblioteca, o Sr. Mario Rommel


Em Lima, também visitamos diversas bibliotecas, como a Biblioteca Municipal de Lima e a Biblioteca da PUC do Peru, uma das mais modernas do país. Assim, na última quinta-feira fomos recebidos pela dona Beatriz Prieto, diretora da Biblioteca Ricardo Palma. Lá pudemos apresentar o nosso projeto, falar do programa VAI da prefeitura de São Paulo e finalmente apresentar o nosso poemário. O enceramento do evento contou com a declamação de poemas em português, a cargo de Vando Andrade, e em espanhol, por Alan Concepción Cuenca. Foi uma noite muito especial para nós, ecolatineros.






Mas a nossa aventura ainda não acabou, deixamos exemplares do livro que ainda serão distribuídos em mais algumas bibliotecas peruanas.



Obrigado, Peru!


Texto: Víctor Gonzales
Revisão: Alexandre Pereira e Lilian Oliveira