Passaporte para a felicidade
Eu era uma
pessoa simples, alegre, tranquila e muito feliz ao lado da minha família.
Trabalhava na roça de uma pequena cidade ao sul de Lima, capital do Peru. Mas o
amor pela minha família despertou em mim o desejo de buscar uma condição de
vida melhor para nós, e mesmo sabendo que não seria fácil deixar para trás a
vida no meu país de origem, minha esposa e eu decidimos acreditar que poderia
dar tudo certo.
Assim, começamos
o que tínhamos planejado. Primeiro, foi a minha esposa que partiu de Lima acompanhada por uma amiga, com destino à São Paulo, Brasil. Passados oito meses, meu filho e eu partimos
para o mesmo destino.
Apesar de
estarmos contentes com a viagem, tivemos que enfrentar muitas dificuldades pelo
caminho, pois não foi fácil fazer uma jornada tão longa que durou sete dias.
Como foi a nossa viagem? Pois, saímos de Lima em direção à cidade de Puno, que
faz fronteira com a Bolívia. Então, no terceiro dia, pegamos o ônibus de Puno
para Santa Cruz, na Bolívia. Ao chegarmos nessa cidade, compramos a passagem
para a cidade de Assunção, no Paraguai, marcando, assim, o quinto dia da nossa
jornada.
Apesar de
estarmos exaustos da nossa viagem, ainda faltava o último trecho para chegar ao
lugar que um dia passaria a chamar de lar.
Finalmente,
chegamos ao terminal Tietê, e com uma grande alegria reencontramos minha
esposa, nos abraçamos efusivamente com muito amor e, felizes por tudo ter dado
certo, pegamos um ônibus que nos levaria até a casa de minha querida irmã,
localizada na zona sul de São Paulo, onde moraríamos por alguns anos.
O que
teríamos de fazer a seguir era, em primeiro lugar, procurar uma escola para o
meu filho continuar a estudar, pois ainda faltavam três meses para finalizar o
ano de 2002. Em segundo lugar, aprender a língua portuguesa, para poder me
comunicar com as pessoas, bem como procurar um emprego para ajudar a minha
família. Felizmente, a minha mulher já estava trabalhando nesse momento.
Por outro
lado, encontrar um emprego foi um grande desafio, pois o único documento que
tínhamos para ingressar neste país era o passaporte, ou seja, estávamos
ilegais, o que passou a ser um problema,
pois muitas vezes quando procurava um emprego não me aceitavam por causa disso,
me deixando muito triste, mas não derrotado, pois sabia que pronto conseguiria
o que mais procurava, um trabalho, para poder ajudar a minha família . Depois
de alguns anos, quando tive o meu segundo filho, pude finalmente, conquistar
meus documentos brasileiros, assim como os meus filhos e a minha mulher, isso
fez sentirmos muito feliz porque sabíamos que mudaria nossa vida, conseguiríamos
trabalho, teríamos acesso à saúde etc.
Então,
encontrei o meu primeiro emprego, foi num call center, trabalhando numa empresa
na zona leste de São Paulo com atendimento ao cliente, isso me deixou muito
feliz e orgulhoso, passei seis anos a trabalhar na empresa Alfacom. Depois, fui
trabalhar em uma escola de línguas como professor de espanhol, por indicação de
uma amiga peruana que havia conhecido no call center. A felicidade por haver conseguido este
trabalho, fez com que começasse estudar mais a fundo o idioma, pois sabia que
para ensina, não bastava só ser nativo, e sim ter vocação, conhecimento e
paciência com meus alunos.
Para
melhorar o meu trabalho, comecei a estudar Letras na Universidade FMU de São Paulo,
porque sabia que isso me daria outras oportunidades e melhoraria na minha vida.
Profissão que ainda exerço com muita paixão e que me proporcionou uma melhor
qualidade de vida para mim e minha família.
Em poucas
palavras, além das dificuldades que passamos neste país desde a nossa chegada,
minha família e eu nos sentimos muito felizes e agradecidos por este país
ternos acolhidos e haver conhecido pessoas boas que tem nos ajudado muito.
Também, por haver conseguido com que meus filhos tenham terminados seus estudos
e começado uma faculdade. Dou graças a Deus, pois além de tudo temos um
trabalho e um lugar onde morar e muita saúde.
Finalmente,
só tenho de agradecer a Deus por todas as coisas boas que me aconteceram neste
país, por ter conhecido boas pessoas que me ajudaram quando mais precisei, por
ter me dado uma família linda e por me fazer sentir realizado, assim como eles.
Finalmente, gostaria de agradecer a o Ecos Latinos por nos dar a oportunidade
de continuar nos alimentando com muita leitura e escrita; graças a eles
desenvolvi a minha história.
Florián Sánchez
Natural de Lima- Peru
Professor de idiomas com Licenciatura em letras Português- espanhol em (2016 – 2019) pelo Centro Universitário FMU FIAM-FAMM. Com experiência em escolas de idiomas, aulas particulares, aulas online e in company.
Certificado no Curso de extensão universitária português realizado a distância pelo Laboratório de Tecnologia da Informação e Mídias Educacionais da Universidade Federal de Goiás em 2021.