No ano em que completa 10 anos de produção literária, a autora
apresenta Furiosa,
publicação independente e disponível em domínio público na internet. Gabriela
Castro, Gustavo Marchetti e Paulo André Chagas (Bloco Gráfico) assinam o
projeto. Lançamento será dia 7 de maio,
na Choperia São Paulo, e compra vale um chope da cervejaria Júpiter
Depois de ver traduzido e publicado no México
o primogênito Rasgada (2005),
reeditado Sarabanda, Selo Demônio
Negro (2007) e Ed. Patuá (2013), e receber o ProAc da Secretaria de Estado da
Cultura de São Paulo pelo terceiro, Nós
que adoramos um documentário (Ed. Ouriovesaria da Palavra, 2010), a
escritora Ana Rüsche soma bons motivos para apresentar Furiosa, uma edição comemorativa que já estará à venda – e
disponível em domínio público em seu site - a partir de março – e terá
lançamento festivo na Choperia São Paulo, dia 7 de maio, sábado, a partir das
18h. A compra do livro vale um chope da cervejaria Júpiter.
Entre os revisitados, clássicos que marcam a
voz da autora como Tempo de Guerra: “Pega meu corpo de boneca / inflável / e me
acaricia na nuca, / que eu não era uma / Camélia prostrada / e a Branca de Neve
/ que conhecemos era só / mais um vírus na internet. Nós éramos a maçã”, que já
teve versos pixado nas paredes da USP e pessoas o declamando na Praça
Roosevelt. Ou ainda, o curto Eu vou te
pegar: “isso é um fato, / o resto é futuro. Seguido de alguns inéditos,
mais recentes, que Ana reuniu na seção Inverno
num país tropical, como vê se vem, #SP13j: quando o barulho
engrossa / nem me vem com essa / de ficar no canto, tapando os ouvidos / tapar
os ouvidos só faz com que / o barulho seja vc sozinho, todo o teu medo / e medo
já temos bastante nessa cidade.
Engajada
nas questões sociais da cidade, de ocupação dos lugares públicos, sempre
envolvida com a produção e celebração da literatura, ao feminismo e à voz da
mulher nos diversos âmbitos, Ana Rüsche incorpora essa vivência também em seus
versos, como em trecho de Visibilidade
total: o que nos vale nessa hora / (em que já não há mais aflição, pois há
anestesia) / é esta artilharia de ventos, / esta prece surda à saudade do
porvir / é imaginar a saraivada certeira / das palavras impossíveis. Ou ainda,
em coríntios 13, #SP12j: agora o
amor-refém está numa salinha vigiada / por uma câmera e dois contadores, /
enquanto o deus-empresário confere / seus lucros, suas pessoas / queria berrar
/ – pelo impeachment de deus! / mas sem amor / não falo a língua dos homens,
nem a dos anjos / soa um som de metal que mais parece umas moedinhas.
Em
recente artigo publicado no blog, a autora vai direto ao ponto, e questiona a
presença das mulheres na poesia. Ironiza: “Quer
desaparecer com alguém? É só dizer que é mulher e escreve poesia. Pessoa
desaparece em dois tempos”. E cita exemplos de antologias que “esquecem”
autoras.
Para 2016, Ana promete sacudir as redes sociais e quaisquer
canais de comunicação com questionamentos e ações neste sentido. A autora
comemora 10 anos de produção literária e a sobrevivência diante deste panorama.
A ser mudado, espera: Que pessoas tenham uma relação mais próxima com a poesia,
que dá tanto conforto para dias sem solução. Que a poesia seja mais acessível,
dando força para os sonhos mais improváveis, os que nem ainda foram
imaginados".
Sobre a autora
ANA RÜSCHE nasceu em 14 de setembro de 1979. Publicou os livros de poesia Rasgada (Quinze & Trinta, São Paulo:
2005), traduzido e publicado no México (Ed. Limón Partido, Cidade do México:
2008, trad. Alberto Trejo e Alan Mills), Sarabanda
(Selo Demônio Negro, São Paulo: 2007), que recebeu uma reedição pela Ed. Patuá
(São Paulo: 2013) e Nós que Adoramos um
Documentário, ganhador do ProAc (Ed. Ourivesaria da Palavra, São Paulo:
2010). Em prosa, publicou o romance Acordados
(Ed. Amauta, São Paulo: 2007), também premiado pelo PAC, Secretaria de Cultura
de São Paulo.
Doutora
em Estudos Linguísticos e Literários de Língua Inglesa com a tese Utopia, feminismo e resignação em The left
Hand of Darkness e The Handmaid’s Tale (FFLCH-USP), possui graduação em
Letras. Também é mestre em Direito Internacional e bacharel em Direito pela
mesma Universidade de São Paulo.
Como
professora e/ou palestrante, já atuou nas seguintes instituições: Casa das
Rosas, SESCs, b_arco, Academia Internacional de Cinema, Centro Ángel Rama
(FFLCH-USP), Cátedra UNESCO do Instituto de Estudos Avançados (USP) em São
Paulo. No exterior, no Centro Cultural Brasil-Moçambique em Maputo, na UNAM –
Universidade Nacional Autônoma do México e na Universidade Diego Portales em
Santiago do Chile, entre outras entidades.
Seus
textos figuram em muitas revistas brasileiras, como Revista Coyote nº 17, Inimigo
Rumor nº 20 (edição comemorativa de 10 anos), Revista Poesia Sempre nº 2. Em publicações internacionais a
respeito de poesia contemporânea brasileira, podem ser citadas a revista
nova-iorquina Rattapallax, a revista
londrina Litro e as antologias mexicanas
Caos Portátil e ¿Qué será de ti? Como vai você?. Tem a obra comentada em artigos em
veículos como Le Monde Diplomatique, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo. Seus escritos são
fontes de estudo para trabalhos de conclusão de cursos na área de Jornalismo e
Letras.
Escreve
também sobre gastronomia. Participou com os textos de Pois sou um bom cozinheiro: receitas, histórias e sabores da vida de
Vinicius de Moraes (Org. Daniela Narciso e Edith Gonçalves, Companhia das
Letras, 2013) e organizou Sobre Farinha
para Sonhos: Quixote, moinhos de vento e culinária com Dan Rolim e
Vanderley Mendonça (Feirinha Gastronômica, abril, 2013). Possui formação
profissional como sommelier de
cervejas e, sobre o assunto, fez reportagens como “Quando uma mulher decide
fazer cerveja” (revista Vida Simples,
agosto, 2014) e “De bar em bar – um guia sobre cervejas artesanais em Nova
York” (revista Have a Nice Beer,
novembro, 2014).
Mora
com seu cão, faz o próprio pão e a própria cerveja. Considera-se uma pessoa
feliz.
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